BYD perde 45 bilhões de dólares em valor de mercado e futuro de carros chineses é incerto

A montadora chinesa BYD, líder em vendas de carros elétricos, estaria ocultando uma dívida muito maior do que a informada oficialmente, de acordo com um relatório da GMT Research, consultoria de Hong Kong. As informações são do Bloomberg.

A dívida líquida real da BYD seria mais próxima de 323 bilhões de yuans (US$ 44,1 bilhões) em 30 de junho, disse a GMT, considerando práticas de financiamento que não aparecem de forma clara nos balanços.

Dívida secreta

Para os analistas, a diferença está no uso intenso de um modelo chamado financiamento da cadeia de suprimentos, que permite à BYD atrasar pagamentos a fornecedores por longos períodos.

“Independentemente da forma como é estruturado, isso é claramente uma forma de financiamento, ou uma dívida oculta”, afirmou Nigel Stevenson, analista da GMT Research.

“É como uma mágica contábil para apresentar esses passivos como parte do capital de giro”, complementa.

Esse mecanismo levanta dúvidas sobre a real situação financeira da companhia em um momento de guerra de preços na China. A atração de clientes com descontos agressivos, estratégia da própria BYD, derrubou concorrentes menores e favoreceu as grandes montadoras, mas deixou fornecedores cada vez mais dependentes de poucas empresas, sujeitando-os a condições mais duras.

Em 2023, por exemplo, a BYD levou, em média, 275 dias para pagar seus parceiros, segundo levantamento da Bloomberg. Fora da China, o padrão é bem mais curto, entre 45 e 90 dias. A Tesla, concorrente americana, afirma pagar fornecedores em até 90 dias, por exemplo.

Falta de clareza

Outro alerta veio do salto em “outros passivos” no balanço da BYD, que subiram de 41,3 bilhões de yuans em 2021 para 165 bilhões em 2023. Para a GMT, parte desse valor estaria ligada ao Dilink, sistema criado pela empresa em 2021 e que já emitiu 400 bilhões de yuans (56 bilhões de dólares) em notas para fornecedores administrarem seus recebíveis.

O uso das notas do Dilink chegou a ser questionado por bolsas chinesas, que pediram explicações a empresas fornecedoras da BYD sobre ajustes contábeis e provisões. Algumas dessas companhias justificaram que não contabilizam risco de calote porque os títulos da BYD receberam classificação AAA.

Risco aos investidores

Segundo Stevenson, ainda falta clareza sobre a real extensão dessas obrigações. “O risco é você não ter ideia de quais são os termos, quão rápido os fundos podem ser retirados ou a quem exatamente esses valores são devidos”, alertou.

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