Estudo confirma viabilidade preliminar da transposição do São Francisco no Piauí

Um estudo técnico elaborado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional confirmou a viabilidade preliminar da transposição das águas do Rio São Francisco para o semiárido piauiense. A Nota Técnica do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) do Canal de Integração do Sertão Piauiense apresenta alternativas para captar água no Lago de Sobradinho, na Bahia, e conduzir até as bacias dos rios Piauí e Canindé, beneficiando diretamente a região da fronteira seca do Estado.

O Cidadeverde.com teve acesso na íntegra ao estudo. Pelo cronograma até o final de 2026 o estudo deverá ser concluído e a próxima etapa para a estruturação do projeto deverá ser finalizada.  

De acordo com o documento, o volume necessário para garantir segurança hídrica na região é de 30 metros cúbicos por segundo. A proposta prevê a construção de estações de bombeamento, túneis e canais, transpondo a Serra Dois Irmãos, que separa os estados da Bahia e do Piauí. A água seria conduzida até o sistema de açudes que inclui as barragens Petrônio Portela, Jenipapo, Pedra Redonda, Poço de Marruá, Estreito e Piaus, alcançando municípios como Paulistana, Simões, Caridade e São João do Piauí.

O estudo aponta que, uma vez implantado, o canal permitirá o abastecimento regular de cerca de 600 mil pessoas e a irrigação de 13 mil hectares, reforçando a produção agrícola e o desenvolvimento regional. O projeto é classificado como estratégico pelo Plano Nacional de Segurança Hídrica e integra ações de longo prazo do governo federal para reduzir os efeitos da seca no Nordeste.

O documento resgata ainda quatro décadas de análises sobre alternativas de interligação hídrica. Desde o primeiro estudo do Consórcio Noronha/Hidroterra, em 1981, até o Plano Estadual de Recursos Hídricos do Piauí, atualizado em 2024, a proposta de transposição do São Francisco figura entre as principais soluções estruturais para enfrentar a escassez de água no semiárido.

Entre as alternativas avaliadas, a captação no Lago de Sobradinho é considerada a mais viável técnica e economicamente. As demais, envolvendo as bacias dos rios Gurguéia, Parnaíba e Tocantins, dependem de maior disponibilidade hídrica e investimentos em infraestrutura complementar.

Ministério da Integração ressalta que, além de garantir o abastecimento humano e agrícola, o empreendimento fortalecerá polos produtivos e turísticos dos territórios do Vale do Canindé, Vale do Itaim e Serra da Capivara. A próxima etapa será a conclusão do EVTEA completo, que definirá o traçado final, o impacto ambiental e o custo total da obra.

O Canal do Sertão Piauiense é apontado como uma das nove intervenções prioritárias de segurança hídrica do país e, segundo o estudo, representa

“Um passo decisivo para transformar a realidade do semiárido, assegurando disponibilidade de água para as próximas gerações”.

Início das visitas

Segundo o Ministério da Integração, as equipes iniciaram nesta segunda-feira (6) visitas aos municípios beneficiados para dialogar com prefeitos, lideranças comunitárias, entidades locais e produtores rurais. A partir dessas visitas, serão colhidas informações para a elaboração final do projeto executivo. O diretor do Departamento de Projetos do Ministério, Bruno Cravo Alves, afirmou que o trabalho de campo será fundamental para adequar o projeto às realidades locais.

O deputado estadual Franzé Silva, que coordena politicamente o projeto no estado, destacou que a Secretaria Especial do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve deliberar nos próximos dias sobre a inclusão do estudo no Novo PAC.

“A transposição é não apenas necessária, mas urgente, diante do agravamento dos efeitos da seca no Piauí. É uma ação de justiça hídrica que pode transformar a vida de milhares de piauienses”, afirmou o parlamentar.

Serra da Capivara

Em entrevista concedida nesta terça-feira (07), o deputado estadual Gil Carlos, que acompanhou de perto o processo de elaboração do estudo, ressaltou o impacto histórico da iniciativa.

“É uma grande notícia para os piauienses, especialmente para os que vivem nos territórios mais afetados pela estiagem, como o Vale do Itaim, o Vale do Guaribas e o território Serra da Capivara. Essa é uma luta que nasceu aqui na Assembleia, liderada pelo então presidente Franzé, e agora ganha respaldo técnico e ambiental. O estudo confirma que é possível executar a transposição, e isso terá um impacto enorme na segurança hídrica dessas regiões”, declarou.

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