Felipe Neto: ‘Falta ética à publicidade digital no Brasil’

Os elogios de jovens “influenciadores digitais” à reforma do ensino médio, a soldo do Ministério da Educação, expuseram um vício disseminado em diversas plataformas e redes sociais: a publicidade disfarçada. Felipe Neto, um dos primeiros e mais bem sucedidos youtubers do país, alerta para a necessidade de aplicar padrões éticos aos novos meios de comunicação. “A propaganda tem que ficar clara e ponto final”, diz. “Seja um site de jornalismo, um blog de maquiagem ou um perfil do Instagram.” Em entrevista a VEJA, ele admite já ter incorrido no erro, critica o despreparo de youtubers, empresários e agências e explica por que decidiu desligar o canal que o projetou a fama, o colérico “Não Faz Sentido”, para voltar em versão, como diz, Nutella: “Cansei de polêmica.”

Está faltando ética à publicidade digital? Sim. Muitos influenciadores digitais estão fazendo merchandising escondido. É algo tão óbvio. Já passou da hora de o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abrir um pouco mais o olho – principalmente para o Instagram. E os influenciadores devem entender que essa discussão é boa para todo mundo. Quanto mais ética for a internet, mais as empresas vão querer fazer campanhas nesse meio.

O que para é ético no YouTube e o que não é? Alguém com 5 milhões de seguidores no Instagram fazendo um vídeo em que segura um celular com aplicativos abertos dizendo que um deles é ‘maravilhoso’, sendo que é mentira, isso não é ético. Não pode acontecer. A publicidade tem que ficar clara e ponto final. A gente não lida apenas com representação artística, como no caso dos atores interpretando personagens em uma novela. Para mim é inaceitável vender uma opinião. No Instagram, Facebook, YouTube, há um despreparo muito grande. Você abre o perfil de vários influenciadores e há diversos posts que não deixam claro que aquilo é um informe publicitário. Temos que nos submeter a normas éticas, seja um site de jornalismo, um blog de maquiagem, um perfil do Instagram ou um programa do YouTube. A internet não pode ser uma terra sem lei. É muito importante que os youtubers e os influenciadores digitais se preocupem com isso. Não é só postar e ganhar dinheiro.

Quem deve ser cobrado? Em primeiro lugar, deve-se exigir comprometimento ético das agências de publicidade e dos agentes de youtubers. Esses são os profissionais que sabem o que estão fazendo – ou deveriam saber.

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